Planejamento Pedagógico...o terror do professor?

Planejamento...ui....palavra que provoca arrepios em muita gente... principalmente nos professores. Isso por que, o que ocorre na maioria das vezes, é um planejamento descolado da prática. Quando falo isso, quero dizer que planejar não se restringe aos ambientes puramente educacionais, escolas, universidades...mas TUDO implica em planejamento: uma festa, a agenda pessoal, a organização de uma grande empresa...

O que é planejar?
Planejar é um momento privilegiado de reflexão, visando uma tomada de decisão na condução e desenvolvimento de um determinado processo e não um ato meramente administrativo.

Esse processo de tomada de decisão, no ofício de ensinar objetiva a racionalização das atividades do professor/gerente/coordenador e do aluno/profissional/colaborador, na situação ensino-aprendizagem, possibilitando melhores resultados e, em conseqüência, maior produtividade.

Para planejar algo, seja lá o que for....é preciso seguir alguns princípios orientadores. Aqui daremos o enfoque da aprendizagem.

1. OBJETIVOS e HABILIDADES Para quê e por quê ? (relevância do assunto)

A elaboração de objetivos é a etapa mais importante, pois norteia todas as demais etapas do planejamento.

“Entendemos por objetivos formulações explícitas das mudanças que, se espera, ocorram nos envolvidos (público-alvo) mediante o processo educacional; isto é, dos modos como modificam seu pensamento, seus sentimentos e suas ações” (BLOOM, 1973).

Os objetivos são descrições claras do que se pretende alcançar como resultado final na aprendizagem. É o que se deseja e se espera para a ação propriamente dita. Vale lembrar que é fundamental a adequação entre os objetivos, a seleção de conteúdos, a escolha de procedimentos e a determinação das formas de avaliação. Por isso, os objetivos devem ser reais e atingíveis, operacionalizáveis e, acima de tudo, representar as necessidades do público-alvo.

Obs: Abreu & Masetto apontam para a necessidade de manter equilíbrio entre os objetivos conceituais (que acentuam predominantemente a aprendizagem de conteúdos - a dimensão do saber), os procedimentais (que enfocam desempenhos ou habilidades que o aluno deverá desenvolver - a dimensão do saber fazer) e os atitudinais (que se destinam ao desenvolvimento de atitudes, seja no relacionamento humano, seja no exercício específico da profissão a ser desempenhada - a dimensão do saber ser).

Mais uma vez é importante lembrar que a competência profissional é fundamentada em: conhecimento científico, habilidades e valores éticos e morais, os objetivos devem voltar-se para o desenvolvimento destes três aspectos que integram a formação teórico-científica, ética e humanista desejada.

2. CONTEÚDOS: (o quê?)

A seleção de conteúdos engloba tudo aquilo que integra o programa, incluindo conhecimentos, habilidades e atitudes, devendo-se estar atento para:

. Validade, ou seja, percepção de sua relação com os objetivos;

. Possibilidade de aplicação, valor prático;

. Ligação do conteúdo a conhecimentos anteriores, possibilitando o estabelecimento de correlações;

. Adequação do conteúdo ao momento de aprendizado, e

. Possibilidade de adaptação ou ajustamento. (Haidt, 1994)

Esses aspectos permitem realçar a importância da seleção dos conteúdos na construção do conhecimento.

3. PROCEDIMENTOS (Como?)

Como atingir os objetivos trabalhando determinado conteúdo? Aí é a hora da escolha dos procedimentos/estratégias.

A adequação aos objetivos propostos é o principal critério de seleção de um procedimento. Este deve se adequar à natureza do conteúdo a ser ensinado e às condições e tipo de conhecimento a ser adquirido. A partir daí determina-se “como” ensinar.

A estratégia compreende uma descrição dos procedimentos e recursos didáticos a serem utilizados. Sua escolha deve ter, como ponto de partida, a inclusão de atividades que possibilitem a ocorrência da aprendizagem num processo dinâmico, ou seja, de construção e reconstrução do conhecimento.

Considerando a diversidade de procedimentos que podem ser utilizados, uma estratégia só terá êxito se o professor conhecê-la, assumi-la, acreditar nela e for capaz de usá-la.

4. AVALIAÇÃO: (deu certo? o que manter e o que modificar?)

Os objetivos estão sendo realmente atingidos?

Dentro da visão de que aprender é construir o próprio conhecimento, a avaliação assume dimensões mais abrangentes. Nessa visão, os objetivos se traduzem em mudanças e aquisições de comportamentos motores, cognitivos, afetivos e sociais. A avaliação consiste em verificar se os objetivos estão sendo atingidos, seguidos de um feed-back orientador, cooperativo, visando o desenvolvimento do aluno.

OBS: Este texto foi modificado a partir do texto original elaborado pela profa. Dra. ALDA CARLINI, a quem tenho profunda admiração! Você poderá encontrar este texto na íntegra no livro: Os procedimentos de Ensino fazem a aula acontecer, da Avercamp Editora.

. Scarpato, Marta (org). Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer, SP: ed Avercamp, 2004.

. Haidt, Regina C. Curso de Didática Geral, SP: ed Moderna, 1999.

. Masetto. O professor universitário. SP: Cortez, 2007.

imagem: http://saladeaula.terapad.com/

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