Sequência Didática e Trilha de Aprendizagem são a mesma coisa?

Não é de agora que nas várias formações de professores que tenho ministrado, surja essa dúvida: Trilha de Aprendizagem e Sequência Didática são a mesma coisa? É sempre recorrente haver uma pequena confusão entre os dois conceitos, assim como cooperação e colaboração, objetivos e metodologia, entre outros (todos eles já abordados aqui no Blog do eprofessor)...vamos tentar desenrolar?

Vamos pensar assim...uma Sequência Didática (SD), na maioria das vezes, deve conter alguns passos para que os estudantes atinjam o objetivo esperado, certo? Como o próprio nome já diz, é uma forma de organizar, sequencialmente, as ações necessárias para a realização de uma ou mais atividades para atingir um objetivo de aprendizagem. Pode ocorrer em uma ou mais aulas. Para tanto, o professor já deverá ter organizado o conteúdo geral anual (dividido em aulas, bimestres, unidades, tópicos e subtópicos, por exemplo) e pensado qual o desenho de aprendizagem irá realizar para a SD ser aplicada com os alunos. Quando o professor elabora o PLANO DE AULA - objetivos, conteúdos, metodologia, recursos e avaliação, já está pensando previamente em uma SD, certo? Pode ser mais expositiva ou participativa, individual ou coletiva, vai depender da abordagem pedagógica que o professor quer utilizar, onde ele quer chegar e como.

 Aqui, sugiro alguns itens importantes para percorrer uma SD:





  1. tema (eixo temático) e delimitação do contexto (parte fundamental! nada longo! lembre-se que é possível dar continuidade em outras sequências para abarcar tudo o que é preciso!) Se o professor tem clareza disso, ficará mais fácil organizar as sequências didáticas ao longo do ano!
  2. esquenta/aquecimento para o tema = atividade rápida para introduzir o estudante no que vai ser trabalhado = pode ser uma atividade de retomada, de pré-requisitos, diagnóstica, vai depender do objetivo do professor;
  3. atividades participativas = que promovam o protagonismo do estudante ou do grupo durante o estudo do tema - o professor deve planejar atividades nas quais privilegie-se o fazer, o estudante deve produzir algo, não o professor! Mas lembre-se, o professor é o orientador/mediador da aprendizagem do grupo, para tanto, ele precisa estar de olho ao longo do desenvolvimento da(s) atividade(s). 
  4. fechamento/fixação = o que ficou? Uma síntese é sempre bem-vinda, pois é onde os estudantes demonstram o que e quanto aprenderam. O professor deve retomar aqui, os objetivos de aprendizagem que pensou para a elaboração da sequência didática.
Se quiser saber mais sobre o assunto, o educador e pesquisador Antoni Zabala fala sobre as SDs no seu livro A prática educativa: como ensinar.

Se quiser saber sobre COMO realizar essas etapas, sugiro o livro sob organização da Marta Scarpato, Os Procedimentos de Ensino Fazem a Aula Acontecer.

Por outro lado, a Trilha de Aprendizagem (TA) é uma abordagem pedagógica mais flexível e participativa, pois privilegia as escolhas do estudante entre vários caminhos a serem percorridos, a fim de atingir os objetivos de aprendizagem propostos. Essa modalidade é interessante, pois parte-se do princípio que ninguém aprende igual em uma sala de aula. Uma TA pode oferecer o acesso à diversos recursos diferentes com abordagens pedagógicas distintas como por exemplo uma aula online, um documentário, um curso/oficina, um artigo, um mapa mental, uma imagem interativa, um repositório de conteúdos, glossário ... nos quais os estudantes podem escolher, de acordo com seus interesses e perfis, onde vão começar e de que forma irão acessar/percorrer o que está sendo oferecido para atingir o objetivo de aprendizagem sobre determinado assunto que deve estar claro e conciso, compartilhado pelo professor. 

As TAs se diferenciam das SDs no que se refere ao que deve ser feito
  • as SD são mais orientadas e rígidas nas ações a serem desenvolvidas pelos alunos e as 
  • TAs permitem mais autonomia respeitando o ritmo individual de cada um.
Vale ressaltar que as TAs podem ser desenvolvidas de duas maneiras:
  • linearmente - o estudante deverá percorrer um conjunto de SD para atingir determinado objetivo, devendo passar por todas as fases planejadas em uma ordem pré-estabelecida, ou
  • agrupada - o estudante poderá percorrer a trilha na ordem que preferir, mas todas as etapas devem ser finalizadas.
As TAs podem, inclusive, serem planejadas para que haja recursos para quem quiser ir além, deixando algumas etapas obrigatórias e outras não, se for o caso.

Na Educação Corporativa, as TAs são muito utilizadas, pois as empresas oferecem um conjunto de recursos como workshops, cursos, exposições e oficinas para que o profissional atinja seu objetivo na aquisição de uma ou mais habilidades e/ou competências, ou ainda, planeje sua progressão de carreira. 
Na Educação escolar formal ela pode (e deve!) ser utilizada também, o que enriquece significativamente a aprendizagem dos alunos pois há uma certa variedade de recursos didáticos oferecidos aos estudantes.

No livro Metodologias Ativas Para uma Educação Inovadora, de Lilian Bacich e José Moran, disponível digitalmente neste link você irá encontrar mais fundamentação teórica sobre o assunto e verá como as TAs podem ser importantes no Ensino Personalizado. Também no livro de Jonathan Bergmann e Aaron Sams intitulado Sala de Aula Invertida! você vão ver a importância das TAs no Ensino Híbrido e no Ensino Personalizado.

Há muito material na web para professores, muitas Trilhas e Sequências Didáticas, como no Educamídia, no TáPronto? e no Porvir. Bora botar esses alunos para produzir conhecimento de uma forma engajadora?

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